A verdade sobre Daniel Penin e sua aposta na Blaze.
Na última quarta-feira deu Leão no Bicho, na Lotofácil deu 1.700.000,00 e na Blaze o aviãozinho parou em 2.35 antes de explodir em solo brasileiro.
Este artigo busca apenas esclarecer, envolver e direcionar o tema para uma reflexão acerca de marketing. Sendo assim, essa é uma análise que utiliza o comportamento humano, os efeitos biopsicossociais e o conhecimento das grandes escolas de resposta direta.
Aposto que você não sabia de todos esses resultados. E aposto firme que não sabe a relação disso com o tal do Marketing. Mas também aposto que você cresceu ouvindo (e vendo) as pessoas condenando as apostas ao mesmo tempo que apostam em qualquer coisa.
Ignorar que as pessoas apostam é ignorar toda diversão que vem nas máquinas, nas roletas, nos cavalos, no cara-ou-coroa das moedas, nos times, nas cartas, nos tabuleiros e até na velocidade dos carros.
Qualquer coisa pode ser objeto de uma aposta. Quer apostar comigo? Então lá vai.
Os meninos, por exemplo, apostam se vão ganhar ou perder no futebol, se chegam ou não naquela menininha e até mesmo se vão ganhar ou não a partida de League Of Legends.
Para entender mais sobre essa necessidade de apostar precisaremos pegar o aviãozinho da Blaze e voltar ao início.
E o início, para esse caso, é uma simples pergunta: por que as pessoas apostam?
Para responder isso vamos precisar voltar para as cavernas do período paleolítico.
Se você estiver em grupo, saberá que outras pessoas vão te proteger enquanto você dorme e a união fará com que você tenha chances maiores de sobrevivência.
Caso você consiga traçar uma estratégia para dominar e vencer uma luta contra um boi você terá alimentação garantida, o que te dará não só a satisfação fisiológica, mas maiores chances de sobrevivência.
Da mesma forma, se souber transformar pedras, paus e galhos em armas e lanças você terá respeito e maiores chances de sobrevivência.
Todas as nossas conquistas, domínios e criações são feitas para garantir a sobrevivência, a união e a reprodução da espécie.
Quando você entra na Blaze, é quase como se o aviãozinho te levasse para uma viagem aventureira, intelectual, de oportunidade… que traz vantagens quase que imediatas e que conversa com o lado mais profundo do seu ser.
O lado das emoções, da intuição, da sensação…
O lado primal.
Em uma aposta percebemos que as pessoas são envolvidas por sentimentos manifestados no dia a dia.
É a busca pela sorte, o instinto da competição, a crença de ter a habilidade necessária, o entretenimento de uma mente entediada e até mesmo a possibilidade de obter dinheiro (que, mais uma vez, aumenta as chances de sobrevivência).
Obviamente você já ouviu pessoas falarem que “em aposta, quem ganha é a casa” ou escutou algum case de alguém que perdeu absolutamente tudo em jogos.
Só que agora é diferente, está todo mundo falando sobre, seu influenciador favorito jamais mentiria para você e afinal, ele está te mostrando como ele está fazendo dinheiro com isso.
É quase como se, por alguns instantes, você pudesse ganhar tanto dinheiro como aquele influenciador.
Jon Vlog fazia R$800,00 se transformar em mais de R$4.000,00 em segundos apertando um único botão.
Neymar transformava milhares em milhões nos jogos da blaze… por mais que ele perdesse em transmissão, o final sempre parecia lucrativo para o jogador.
Botafogo colocou o uniforme e basicamente esfregou na cara dos seus torcedores.
Felipe Neto afirmou que a Blaze era uma forma de “renda extra”.
O nome disso é Prova Social.
Funciona da seguinte forma:
O usuário vê o influenciador ganhando, perdendo, se divertindo e lucrando no final das operações quando está em livestream ou apenas ganhando sempre que faz uma publi nos stories.
Sendo assim, o usuário entra no jogo, recebe bônus, perde, ganha e acaba entrando em um ciclo vicioso sem perceber.
Quando os jogadores observam o resultado de sua aposta, eles apresentam uma ativação no sistema de recompensa do cérebro, trazendo sempre uma empolgação ou frustração muito grande.
Desse modo, quem está jogando entra no modo automático e passa horas tentando recuperar os valores e conseguir lucro.
Por essa razão os cassinos colocaram bancos confortáveis na frente das máquinas: para que as pessoas não vejam a hora passar.
A imersão é tão importante que muitas empresas pagam alimentação e hospedagem para jogadores que colocam bastante dinheiro.
Da mesma forma ocorre com pessoas que compram cursos infinitos, com o novo “método” para ganhar dinheiro com a internet, com o novo esquema da vez.
Reações de imersão similares ocorrem com os eventos “totalmente online e totalmente gratuitos” que vemos por aí.
Quando aplicado da maneira correta, vender milhares de vagas se torna apenas uma questão de estratégia.
Nesse momento, Daniel Penin entra em ação.
As pessoas passaram a vida inteira ouvindo histórias e mais histórias sobre quem se afundou no meio de apostas e acabou perdendo tudo, se degradando e perdendo a ascensão social.
No Brasil, essa concepção é vista com o peso dos vícios, das bebidas e das drogas.
É a representação da queda na hierarquia social, que conversa diretamente com os medos mais profundos das pessoas, visto que afetam as chances de sobrevivência, de união e de reprodução.
Por essa razão o vídeo do Daniel Penin se transforma em algo tão forte e movimenta as massas.
Ele bate em um método de enriquecer que as pessoas não gostam e não confiam, mas que estava sendo normalizado pela maioria dos influenciadores.
Sem perceber, Penin usa uma poderosa ferramenta do marketing de influência e nós veremos o passo a passo de como isso foi feito.
‘’As pessoas farão qualquer coisa por aqueles que encorajam seus sonhos, justificam seus fracassos, acalmam seus medos, confirmam suas suspeitas e os ajudem a atirar pedras em seus inimigos.’’ — Blair Warren, The One Sentence Persuasion Course (2012).
- As suspeitas da população em relação às casas de aposta são confirmadas, mostrando como o processo é ilusório e pode fazer mal para as pessoas.
- Pedras são jogadas contra um inimigo específico, que além de vencer quando os usuários perdem, não prestam suporte e possuem reclamações em relação à limitação de contas, impedindo o saque dos vencedores.
- Aos que acreditaram e apostaram, Penin mostra que o fracasso não foi do usuário, mas da plataforma que manipula o algoritmo e sempre vence. Ganha até mesmo quando o usuário é o vencedor, já que há reclamações de usuários que não conseguem efetuar os saques.
- Acalmam os seus medos apresentando uma nova possibilidade de mecanismo que advém através dele: o uso da internet na construção de riqueza.
- Encorajam os seus sonhos dando conteúdo que supostamente enriquecerá a pessoa.
Dessa forma Daniel Penin leva as pessoas para uma coisa mais comum, um método mais familiar, algo mais aceitável… e consegue obter a confiança da maior parte das pessoas.
Essa mesma confiança é estimulada em alguns vídeos seguintes ao da Blaze, instruindo os seguidores a fazer exercícios de coach (como, por exemplo, somar o valor do seu produto vs quantidade de vendas ou como acabar com a procrastinação em dois minutos).
Quais são os próximos passos?
Daniel Penin afirma ter ficado milionário apenas com a venda de encapsulados e ele explica um pouco mais sobre isso na sua recém-ida ao Flow Podcast.
Ainda assim, é possível saber mais sobre isso no próprio canal dele, onde Penin ‘’ensina’’ as estratégias utilizadas para a criação de riqueza.
A estratégia de se manter distante do marketing digital funciona pelo mesmo motivo que as pessoas não acreditavam mais em apostas: para o grande público o método está batido.
Com a nova geração de supostos trilionários vendendo cursos de tudo o que se pode imaginar, as pessoas passam a duvidar e tirar o crédito de quem opera comercializando curso.
Se tem cara de vendedor, tem cheiro de vendedor, tem olhar de vendedor, tem papo de vendedor… certamente é um vendedor.
O nome disso é Priming e tem nos ajudado a reconhecer padrões para, mais uma vez, garantir nossa sobrevivência, a reprodução da espécie e a união de tribos.
Esse efeito ocorre sempre que um indivíduo é exposto a um estímulo que influencia na sua decisão.
Quando recebemos ligações de desconhecidos ou de números privados tendemos a desligar por já identificarmos o padrão do golpe.
Ponderações finais: o que acredito que Daniel Penin fará a seguir.
Após ter criado autoridade, ter mostrado um método mais familiar, ter trabalhado no sistema de recompensa do seu público, o caminho mais evidente é a venda de um produto digital, como um curso ou uma mentoria.
Isso é o que ele fez anteriormente e utilizando os mesmos recursos que a Blaze utiliza para fazer as pessoas apostarem.
Primeiro vem uma promessa milionária: na casa de aposta você colocava X valor e ganharia até Y, no curso do Daniel Penin você começa ganhando R$10.000,00 (mais que 90% da população brasileira) e vai escalando até seus R$1.000.000,00.
Agora, da mesma forma que a Blaze usa os influenciadores, Penin precisa comprovar o resultado utilizando outras pessoas, gente como a gente. Isso é o que chamamos de prova social:
Não só de dois vídeos vive uma prova social, mas de uma coletânea de print’s:
Como é comum o receio da pessoa em entrar na mentoria, ele começa a quebrar as objeções do público, mostrando que pessoas em situações piores conseguiriam obter resultado.
E as provas sociais continuam…
Por fim, vem o preço a ser pago para ser um milionário:
Uma reflexão sobre métodos.
Um relatório sobre a riqueza global em 2021, realizado pelo banco Credit Suisse, aponta que o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo.
De todos os alunos de cursos de Marketing Digital ou usuários de casa de aposta, quantos realmente conseguem escalar suas operações, chegando aos 10 mil reais por mês?
A mesma pergunta pode ser direcionada quando olhamos para qualquer outro mercado em ascensão em um país como o Brasil… cadê os que obtiveram total fracasso com a Blaze, com marketing digital, com hinode, com Trade, com investimentos, etc, etc, etc.
Olhos desatentos percebem o valor das provas sociais, mas acabam se esquecendo de olhar para as fraquezas que eles tentam ocultar.
É interessante ver o Daniel Penin, o Érico Rocha, o Thiago Finch, o Neymar, o Jon e tantos outros mostrando como fizeram para sair da pobreza para a riqueza extrema.
Porém, também é interessante notar que nós não vemos os alunos que não conseguem (por qualquer razão que seja) concluir o curso ou que concluem e não conseguem resultados.
Da mesma forma, quem tenta reclamar que foi roubado por uma casa como a Blaze acaba sendo sufocado no meio de tantas reclamações ignoradas.
Pense comigo:
Se esses gurus conseguissem realizar a proeza de transformar uma pessoa em estado de miséria em milionária, com um método simples e garantido, não seria estranho que essa pílula milagrosa estivesse sendo vendida de R$997 a R$1.997,00 em uma plataforma genérica?
Se o fenômeno da vitória que acontece sempre com os influenciadores ao apostar fosse replicável, em qualquer valor, não seria estranho que eles preferissem propagar ao invés de incentivar os próprios familiares a jogar?
Se os ganhos realmente são por venda de encapsulados, por trading, por copywriting, por tráfego, por aposta, por [insira qualquer metodologia genérica], qual a razão de vender uma plataforma (seja de curso ou de aposta) ao invés de reinvestir nas suas próprias operações?
Qual a vantagem e a justificativa real de inserir, em um mercado de oportunidade, milhares de concorrentes como faz o Finch e tantos outros?
Após uma análise breve, percebe-se que existe uma hipocrisia latente em 99% desses gurus: dizem fazer [insira qualquer bobeira como tráfego ou dropshipping], mas ganham dinheiro mesmo com a venda de ingressos para cursos ou para cassinos.
E isso está incluso até mesmo em gurus que tentam arrumar negócios que ficam no breakeven apenas para aumentar o nível de autoridade e de prova social.
No fim, o ponto mais importante é estar mais atento nas ações ao invés das alegações.
Se analisar isso de forma honesta perceberá que muitos salvadores da pátria não passam de lobos em pele de cordeiro.
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Referências que ajudaram na elaboração desse texto:
DAMATTA, Roberto e SOÁREZ, Elena. 1999. Águias, Burros e Borboletas: Um Estudo Antropológico do Jogo do Bicho. Rio de Janeiro: Rocco. 197 pp.
Buffett, Warren. 2012. The One Sentence Persuasion Course — 27 Words to Make the World Do Your Bidding.
Edelston, Martin. M. Schwartz, Eugene. Breakthrough Advertising.
Dantas, Dimistrius. Se a chance é uma em 50 milhões, por que apostamos na Mega-Sena?. O Globo. 20/09/2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/se-chance-uma-em-50-milhoes-por-que-apostamos-na-mega-sena-23960713. Acesso em: 08/06/2023.